sábado, agosto 25, 2012

Oração dos Ciganos

Senhor,
caminhamos na Terra,
caminhamos no astral,
somos um povo que, abençoados por ti,
trazemos na face e no olhar
a displicência e a desconfiança
dos que caminham sem querer parar.
Ciganos caminhantes, filhos teus,
vamos pelas estradas errantes,
ainda hoje olhados de soslaio,
brincamos com a sorte num baralho que,
manuseado por nós, pode ajudar aos irmãos nossos,
os mesmos que nos desdenham e discriminam
pois foste Tu que nos deste o dom do adivinho.
Senhor, abençoa-nos, e com Tua luz
tira as pedras dos nossos caminhos.

* Sally Edwirges Esmeralda Liechocki

Esmeralda

Ainda havia cinzas da fogueira no acampamento. O sol entrava, num pequeno raio, pela janela da tenda de Esmeralda, que ainda dormia. Os panos coloridos da tenda balançavam ao sabor da brisa que soprava. O acampamento acordava devagar. No ar, o cheiro forte do café tropeiro, que só Zaíra sabe fazer. De repente, o grito de Yan, chamando:
- Esmeralda, acorda, faz-te linda e vai ao povoado para a leitura de mãos, e não te demores, olhando o mercado como das outras vezes.
- Esmeralda, vamos acorda!
Esmeralda espreguiçou-se lentamente, abriu os grandes olhos verdes, e saiu dos lençóis, pensando: "Que pena, ainda estou tão cansada, dancei muito ontem, mas é minha obrigação, vou ao povoado e antes do sol esquentar muito, voltarei."
Foi até um riacho, lavou o rosto, voltou saltitante para tenda e olhou-se no espelho. Colocou no cabelo uma rosa vermelha, sentiu-se bem e pensou: "como é linda a vida". Saiu da tenda.
- Nani, onde está meu café?
- Aqui está, tome e obedeça seu pai! E lá se foi a cigana na garupa do cavalo de Mikhael, seu prometido, até o povoado.
Por onde passava, todos se voltavam para vê-la. É linda!
No mercado, começava a lida de um novo dia.
- Flores, cigana? - Pensando nas palavras do pai, lá se foi ela.
- Olhem, vamos ver a sorte?
Homens e mulheres paravam pra escutar o que lhes diria a cigana, e ela sorria matreira, escondendo nos seios a féria do dia.
No terceiro dia de ida ao vilarejo, Esmeralda avistou um rapaz sentado, em frente ao mercado. Foi até lá e perguntou: - Moço, deixa eu ler a sua mão? O que terá sua sorte reservado pra você?
- Não cigana, não acredito em sorte. Olhando pra Esmeralda, com os olhos pregados na beleza da cigana, sem sentir, estendeu as mãos para ela, que começou logo a leitura.
- Olha moço, vejo um amor que vai te fazer chorar. Faça tudo pra evitar esse amor, pois ele será impossível. Não sofras por amor, segura os impulsos do teu coração.
Deu-lhe um lindo sorriso e saiu.
Foi andando e olhava pra trás, onde o moço continuava sentado, estarrecido com a beleza da cigana. Passaram-se três dias, e Esmeralda não retornou ao vilarejo.
Exausto de esperar pela cigana, e já perdido de paixão, o moço resolveu procurá-la. Foi perguntando daqui e dali, e soube do acampamento. Esperou anoitecer e foi até lá.
Ficou encantado, parecia um sonho: panos coloridos, lanternas de várias cores...Escondido onde estava, escutava as palmas, o violino de Igor e via Esmeralda em volta da fogueira dançando com Yunesco, seu irmão de leite. A noite estava linda, estrelas no céu, e o cheiro do assado estava no ar.
De repente, alguém viu o rapaz, e perguntou: - O que faz aqui? Hoje, não teremos convidados. A noite é só nossa.
- Por favor, deixe-me vê-la dançar!
- Não, hoje, não! Quem sabe outra noite, vá embora!
Muito a contragosto o rapaz partiu.
Não lhe saía da cabeça o sorriso e o encanto da cigana. "Meu Deus, o que faço agora?"
E olhando a mão, pensou: "Ela me avisou, porque não a ouvi?"
Começou a chover uma chuvinha miúda e irritante e o coração do rapaz se apertava. Quando chegou ao acampamento, a chuva apertava. Ficou boquiaberto, não existia nem rastro dos ciganos. Só as garrafas pelo chão e uma fogueira no fim, de onde saía uma fumaça fina e ondulante, com o vento, que lhe espanava no rosto um pouco da chuva e das lágrimas.
Esmeralda e seu povo se foram para onde, para quê?
E o rapaz, desesperado, chorava seu amor impossível, perdido, como havia previsto a cigana.


*Sally Edwirges Esmeralda Liechocki














O Louro

Na espiritualidade esta folha é conhecida como a folha do Sacerdote. Sendo usada quando pretendemos aguçar a nossa intuição.
As folhas de louro também podem ser utilizadas para uma interessante magia de poder. Durma com algumas folhas debaixo do seu travesseiro toda vez que tiver alguma situação importante para resolver no dia seguinte. Dessa maneira o elemental desta planta permanecerá a seu lado por um certo período, dando-lhe força e poder pessoal.
 



 

sexta-feira, agosto 24, 2012

Elementos da Natureza

Os Quatro Elementos
Povo Cigano sempre se valeu dos elementos da natureza como amigos, utilizando a Sabedoria dos Ventos, a Paciência dos Riachos, a Fortaleza dos Campos e a Luz das Fogueiras para viver, predizer, orientar, acalmar e se harmonizar, sem medir forças com o mundo, mas viver em harmonia dentro dele.

Tradição Cigana

A Dança Cigana

O fundamento da música e dança cigana consiste em ouvir o coração e permitir que ele conduza sem artifícios o ritmo mágico.
Como a leitura cigana da sorte feita nos pássaros migrantes, que voam livremente fora de formação, a dança cigana não admite coreografias predeterminadas.
Como a guitarra flamenca, em que não há partituras, a dança cigana improvisa cada momento, segundo seu espírito e olhar de fogo. É uma dança solta, de alma. Os acordes da guitarra vão aos poucos envolvendo o corpo por meio de um bailado nobre e vigoroso, no qual a energia dos gestos e olhares depende da música executada. Por isso os ciganos jamais coreografam essa dança livre e solta, na qual em cada movimento se plasma intença emoção.

Baila, Baila Gitana!

"Toma o espírito e solta-o!"

Oração

Para Encontrar um Amor

"Minha estrela reluzente, aquela que mais brilha lá no céu, vai até o coração de alguém que ainda acredita no amor. Com as fitas coloridas do povo cigano, amarre e traga essa pessoa para mim.
Com mel e o vinho cigano, eu chego pelo tempo até você, que precisa do meu amor. Alguém que venha me amar, com intensidade, mas sabendo ser doce comigo, que a força da magia cigana o traga pra mim.
Que a força do amor que eu tenho seja capaz de envolvê-lo. Ofereço as ciganas encantadas, uma oferenda, como alguém que oferece uma taça de amor.
Alguém que esteja sedento, chegará com a força de um leão feroz, mas será manso como um carneiro. Chegará e me envolverá de amor.
Chegará para libertar a alma cigana que existe em mim e assim podermos chegar à estrada do amor.
Ciganas encantadas que suas forças se façam presente, abrindo meus caminhos, para que eu possa viver um grande amor cigano.
Assim seja para o bem de todos!"

( fazer a oração com fé, oferecer as Ciganas encantadas, mel, vinho e uma rosa vermelha, assim que atendido)

Os Ciganos no Brasil - Curiosidades.

Enfiavam em cada dedo anéis e não criavam apego a lugares, de tanto que conhecessem a ligeireza do mundo.
    
                          Guimarães Rosa




            O Brasil é o terceiro país que mais acolheu e acolhe os ciganos, no mundo, apenas superado pela Espanha e Bulgária. Grandes artistas como Castro Alves, Cecília Meireles, Guerra Peixe, Fagner e Wagner Tiso são ciganos.
Poucos sabem, mas várias palavras que usamos no cotidiano, como: pechincha, pileque, rango, pirar, e entre outras, tem origem na língua cigana. O termo maragato, corrente no Sul do Brasil, vem do nome dado aos ciganos na fronteira com Uruguai.
As saias rodadas das baianas não tem origem na África, mas na vestimenta das ciganas. O violão, instrumento central de nossa música, foi trazido pelos ciganos. O lundu, tido como a mais significativa dança afro-brasileira do período colonial, é idêntico à Zarzuella espanhola, trazida pelos ciganos ao Brasil.
O primeiro cigano, da Europa central a chegar ao Brasil teria sido o tcheco Jan Nepomuscky Kubitschek, bisavô do grande presidente da República Juscelino Kubitschek. O presidente bossa-nova, que adorava música, alegria, dança e mulheres, era obcecado pelo Império Egípcio e fundou  Brasília na forma de pássaro, idêntica às antigas cidades egípcias do Alto do Nilo.
A presença Cigana no Brasil inicia-se em 1574 com o cigano ibérico, João Torres. Não chegou à trabalho e nem a passeio, mas degredado de Portugal com sua família.